~Você on~
__ E aí filha, como vai a escola? - Meu pai estava me perguntando, querendo saber o que tinha se passado durante todo o tempo em que ele estivera fora, enquanto caminhávamos pelo parque de diversões.
__ Bem, como sempre. - Respondi.
__ Nem sempre. - Ele fez questão em lembrar.
__ Pai... - Comecei. Como eu ia dizer isso? Meu pai sempre foi o meu melhor amigo, de verdade. Enquanto é natural se dividir todos os seus segredos com a sua mãe ou não dividi-los com ninguém eu desabafava com o meu pai. Mas fazia muito tempo que eu não conversava pra valer com ele. Do jeito que você fala com o coração. Mas espera aí! Ele ainda é meu pai confidente, ainda confio nele, ainda sei que ele vai me ajudar e me apoiar independente da situação, mesmo que eu tenha feito besteira, e euma besteira bem grande. - eu fiz algo errado. Algo ruim, enquanto eu tentava impedir que exatamente essa coisa ruim acontecesse. Me entende? Eu sei que está meio confuso...
__ Eu acho que eu entenderia melhor se me explicasse. - Ele me lançou um sorriso. Eu sabia qu podia confiar nele.
__ Certo, é o seguinte: eu magoei um garoto muito legal enquanto o que na verdade eu estava tentando era impedir que eu o magoasse, como eu já fiz uma vez com outra pessoa. - Eu não tinha contado a ele a história com o Maicon, mas ele entenderia.
__ Ainda me parece vago. - Ele apertou as sobrancelhas de forma exagerada, claramente tentando me animar um pouco.
__ É que eu comecei a sair com esse garoto, até estava bem, feliz, sabe? Mas então eu me lembrei que uma vez, há algum tempo já, eu havia magoado muito feio um outro garoto, e, bem, eu não queria repeti o erro. Acabei falando para ele que devíamos parar com isso, mas ele já estava gostando de mim.
__ Tem que parar de se preocupar com isso. Você gosta desse garoto, não gosta?
__ Ele é legal. - Respondi enquanto assentia.
__ Então? Não entendi por que tem tanto medo de magoá-lo. A vida é assim querida, temos decepções, algumas grandes, outras nem tanto, mas isso nos faz pessoas melhores e nos ajudam a ficar mais fortes.
__ Mas o Maicon se tornou uma pessoa ruim depois de mim, não queria que o mesmo acontecesse com o...
__ Querida. - meu pai olhou bem no fundo dos meus olhos. - você tem que parar de se importar com isso. Viva, deixe-se levar.
__ Mas...
__ O que mais te impede? - Ele me perguntou sério. - Não é só isso.
__ Eu... não sei. É como se tivesse um bloqueio. Sabe aquela sensação que você tem que algo é errado, como quando... quando você vai trair alguém? É como se eu estivesse amarrada a outra pessoa... - Mas eu não estou. Enquanto eu falava isso para o meu, verdadeiramente, fui me dando conta. Talvez fosse o Liam. Depois de tudo o que ele me fez, eu tinha medo de magoar o Niall justamente por causa dele. Talvez meu coração ainda sentisse algo por ele além de desapontamento.
Meu pai pareceu sem graça por um momento e então me lançou um sorriso.
__ Talvez seja apenas uma paranoia sua.
Assenti.
__ Você deve ter razão. - Falei para ele e sorri de volta.
Mas a sensação ainda estava ali, era como se eu não pertencesse ao Niall, nem a mim mesma. Era como se eu já tivesse um dono, e por isso estar com o Niall era tão errado.
Mas isso era ridículo, não era verdade.
Era paranoia.
__ Como foi seu final de semana? - Maya me perguntou.
__ Foi bom, sabe, saí com meu pai. Fomos ao parque de diversões e nos entupimos de algodão doce.
__ Nossa, que divertido... - Ela falou descrente.
__ Meu pai é muito divertido sim, e é meu amigo. Não tenho culpa se o seu pai não... Me desculpa Maya, eu não quis dizer isso.
Ela balançou a cabeça.
__ Quis sim.
__ Não, eu...
__ Para! - Ela me olhou com raiva. - Eu entendi. Seu pai te ama. Ela passa a vida inteira viajando, mas sempre que aparece ele tem tempo para tudo, inclusive para sair com a filha querida e ter uma diversão. Enquanto isso meu pai vive no escritório, não sai da cidade, mas nunca tem tempo pra me ver. Meu pai não é mesmo nem um pouco divertido. Mas você e seu pai... não é normal uma garota contar todos os segredos dela, inclusive uns que nem suas melhores amigas sabem, para o seu pai.
__ Me desculpa Maya, eu sei que seu pai não é melhor do mundo. Nem o meu. Eu não falo mais disso se não quiser.
__ Não quero. - Ela ficou quieta por alguns instantes enquanto rumávamos para a nossa próxima aula. - E o Niall? - Ela me perguntou mudando de assunto.
__ Eu é que não quero falar sobre isso. - Falei.
__ Ah, qual é? Vocês não... o que aconteceu mesmo?
__ Eu fiz uma coisa errada. Só isso.
__ Ah claro! - Ela revirou os olhos. Depois fingiu uma tosse e resmungou "mártir".
Fiz uma careta pra ela e sorrimos.
__ Seunome. - Era a voz aveludada do Malik. Parado atrás de mim.
Me virei.
__ Zayn. - Cumprimentei.
__ Que progresso. - Ele sorriu. - Você está bem?
__ Sim. E você?
Ele assentiu.
__ Nos vemos mais tarde.
Assenti.
Ele saiu e Maya me encarava.
__ O que foi isso? - Ela me perguntou.
__ Maya, eu...
__ Cala a boca. - Ela disse e saiu pisando duro na minha frente.
__ O que aconteceu com a Maya? - Shana me perguntou logo após Maya ter passado por nós e virado a cara.
__ É, bem...
__ Você sabe. - Shana me acusou.
__ O Zayn falou comigo e aí ela ficou estranha. - Expliquei.
__ Ah. - Shana compreendeu. - Droga.
__ Por quê? - Levantei uma sobrancelha.
__ Você sabe que ela é caidinha pelo cara.
__ Isso não explica a atitude dela.
Shana suspirou:
__ Você se lambra de quando eu e Chris ficamos pegando no seu pé? Não era por nada. Era por causa de que sabíamos que isso aconteceria.
__ Eu sei o que Maya achou, não sou burra Shana. E vocês pegavam muito no meu pé por nada sim. Quanto tempo leva pra vocês perceberem que eu e o Zayn somos só amigos?
__ Ainda não estou completamente convencida... e Zayn? Desde quando você o chama de Zayn?
__ Ah... Malik então.
__ Não. Como assim Seunome?
__ Olha Shana, não quero brigar com você de novo, então, por favor, para com isso. Você já conhece a situação.
E saí.
~dlin dlon~
A campainha estava tocando.
__ E aí? - Abri a porta com um sorriso. Zayn me esperava.
__ Baker. - Ele riu.
__ Ah, claro, Malik. Tenha as honras de adentrar minha residência.
__ Com todo o prazer. - Ele fez uma mesura e segurou a minha mãe. Depois a beijou. - Claro, tão formosa dama.
Puxei minha mão.
__ Também não precisa exagerar.
__ E você também não precisa ser tão grossa. - Ele fez uma careta, mas depois sorriu para mim e entrou.
__ Foi mal, ainda tô meio paranoica.
__ Suas amigas de novo?
Olhei incrédula para ele.
__ Como você sabe?
__ Notei a reação da... como é mesmo o nome dela? A do coração partido?
__ Maya.
__ É, bem, a Maya parecia uma fera prestes a saltar sobre você quando nos falamos. Por isso achei melhor me afastar, não queria causar problemas para você.
__ Bom, tarde demais. - Depois balancei a cabeça. - Não que seja culpa sua...
__ Não, eu entendo. Suas amigas são malucas, mas eu não esperaria menos de você.
__ Como assim? O que você quis dizer com isso? - Perguntei em tom perigoso.
__ Ah, você sabe. Uma garota tãn tãn precisa de amigas pelo menos um pouquinho piradinhas. - Ele fez sinal de doido com o dedo ao lado da cabeça.
__ Ah, você me paga! - Ameacei sorrindo de forma perigosa.
__ E o que você vai fazer?
__ Ainda não sei. - Respondi em tom de mistério. - Mas fique avisado, eu sou do tipo vingativa, fria e calculista.
__ Gosto disso. - Ele respondeu.
__ Como? - Levantei as sobrancelhas.
__ Joguinhos, perigo. Adoro.
__ Gays falam adoro.
__ Não são os únicos. - Ele sorriu de lado. - E a vingança de uma vingança é sempre a mais perigosa.
__ Isso foi uma ameaça? - Perguntei fingindo incredulidade.
__ Só lembre-se: foi você quem começou. - Ele me lançou um olhar perigoso, cópia do meu. Não me aguentei e caí na gargalhada.
__ Deu, deu. - Ri mais um pouco. - Mas agora temos trabalho a fazer, não?
__ É, temos. - Ele concordou. - Eu preferia estar à frente da TV comendo pipoca e assistindo filmes de alienígena com você.
__ Meu Deus! - Coloquei minha mão na testa dele. - O garoto nada superficial que não quer ser julgado e se sente ofendido quando alguém acha que ele não se interessa pelos estudos só pode estar doente.
__ Rá rá rá. Muito engraçado.
__ Eu tenho os meus momentos. - Me gabei dando de ombros.
Depois disso arrumamos toda a apresentação do nosso trabalho e Zayn foi para casa antes da minha mãe voltar.
__ Eu adoro ela, e é por isso que não posso vê-la. Se eu a ver, não vou querer voltar para casa e eu preciso mesmo voltar.
__ Sei. - semicerrei os olhos e me despedi dele.
Meia hora depois minha mãe voltou para casa, me deu boa noite e eu me deitei.
Durante a noite tive um sonho engraçado no qual eu estava com uma coleira em volta do meu pescoço e alguém me puxava para algum lugar com ela. Eu não sabia quem era. Na verdade, não queria saber. Não queria olhar para trás e dar de cara com... não. Eu não queria saber quem era.
Me acordei com frio, fui até a janela e a fechei. Devia ter esquecido-a aberta.
Depois me deitei para dormir novamente, o dia seguinte seria cheio. Retomar a amizade com Maya, tentar fazer as pazes com o Niall. Me desculpar com a Shana, pois eu sei que mesmo sendo chata ela só quer o meu bem. E descobrir o que aconteceu com a Chris que não quis aparecer na aula.
__ Como foi seu final de semana? - Maya me perguntou.
__ Foi bom, sabe, saí com meu pai. Fomos ao parque de diversões e nos entupimos de algodão doce.
__ Nossa, que divertido... - Ela falou descrente.
__ Meu pai é muito divertido sim, e é meu amigo. Não tenho culpa se o seu pai não... Me desculpa Maya, eu não quis dizer isso.
Ela balançou a cabeça.
__ Quis sim.
__ Não, eu...
__ Para! - Ela me olhou com raiva. - Eu entendi. Seu pai te ama. Ela passa a vida inteira viajando, mas sempre que aparece ele tem tempo para tudo, inclusive para sair com a filha querida e ter uma diversão. Enquanto isso meu pai vive no escritório, não sai da cidade, mas nunca tem tempo pra me ver. Meu pai não é mesmo nem um pouco divertido. Mas você e seu pai... não é normal uma garota contar todos os segredos dela, inclusive uns que nem suas melhores amigas sabem, para o seu pai.
__ Me desculpa Maya, eu sei que seu pai não é melhor do mundo. Nem o meu. Eu não falo mais disso se não quiser.
__ Não quero. - Ela ficou quieta por alguns instantes enquanto rumávamos para a nossa próxima aula. - E o Niall? - Ela me perguntou mudando de assunto.
__ Eu é que não quero falar sobre isso. - Falei.
__ Ah, qual é? Vocês não... o que aconteceu mesmo?
__ Eu fiz uma coisa errada. Só isso.
__ Ah claro! - Ela revirou os olhos. Depois fingiu uma tosse e resmungou "mártir".
Fiz uma careta pra ela e sorrimos.
__ Seunome. - Era a voz aveludada do Malik. Parado atrás de mim.
Me virei.
__ Zayn. - Cumprimentei.
__ Que progresso. - Ele sorriu. - Você está bem?
__ Sim. E você?
Ele assentiu.
__ Nos vemos mais tarde.
Assenti.
Ele saiu e Maya me encarava.
__ O que foi isso? - Ela me perguntou.
__ Maya, eu...
__ Cala a boca. - Ela disse e saiu pisando duro na minha frente.
__ O que aconteceu com a Maya? - Shana me perguntou logo após Maya ter passado por nós e virado a cara.
__ É, bem...
__ Você sabe. - Shana me acusou.
__ O Zayn falou comigo e aí ela ficou estranha. - Expliquei.
__ Ah. - Shana compreendeu. - Droga.
__ Por quê? - Levantei uma sobrancelha.
__ Você sabe que ela é caidinha pelo cara.
__ Isso não explica a atitude dela.
Shana suspirou:
__ Você se lambra de quando eu e Chris ficamos pegando no seu pé? Não era por nada. Era por causa de que sabíamos que isso aconteceria.
__ Eu sei o que Maya achou, não sou burra Shana. E vocês pegavam muito no meu pé por nada sim. Quanto tempo leva pra vocês perceberem que eu e o Zayn somos só amigos?
__ Ainda não estou completamente convencida... e Zayn? Desde quando você o chama de Zayn?
__ Ah... Malik então.
__ Não. Como assim Seunome?
__ Olha Shana, não quero brigar com você de novo, então, por favor, para com isso. Você já conhece a situação.
E saí.
~dlin dlon~
A campainha estava tocando.
__ E aí? - Abri a porta com um sorriso. Zayn me esperava.
__ Baker. - Ele riu.
__ Ah, claro, Malik. Tenha as honras de adentrar minha residência.
__ Com todo o prazer. - Ele fez uma mesura e segurou a minha mãe. Depois a beijou. - Claro, tão formosa dama.
Puxei minha mão.
__ Também não precisa exagerar.
__ E você também não precisa ser tão grossa. - Ele fez uma careta, mas depois sorriu para mim e entrou.
__ Foi mal, ainda tô meio paranoica.
__ Suas amigas de novo?
Olhei incrédula para ele.
__ Como você sabe?
__ Notei a reação da... como é mesmo o nome dela? A do coração partido?
__ Maya.
__ É, bem, a Maya parecia uma fera prestes a saltar sobre você quando nos falamos. Por isso achei melhor me afastar, não queria causar problemas para você.
__ Bom, tarde demais. - Depois balancei a cabeça. - Não que seja culpa sua...
__ Não, eu entendo. Suas amigas são malucas, mas eu não esperaria menos de você.
__ Como assim? O que você quis dizer com isso? - Perguntei em tom perigoso.
__ Ah, você sabe. Uma garota tãn tãn precisa de amigas pelo menos um pouquinho piradinhas. - Ele fez sinal de doido com o dedo ao lado da cabeça.
__ Ah, você me paga! - Ameacei sorrindo de forma perigosa.
__ E o que você vai fazer?
__ Ainda não sei. - Respondi em tom de mistério. - Mas fique avisado, eu sou do tipo vingativa, fria e calculista.
__ Gosto disso. - Ele respondeu.
__ Como? - Levantei as sobrancelhas.
__ Joguinhos, perigo. Adoro.
__ Gays falam adoro.
__ Não são os únicos. - Ele sorriu de lado. - E a vingança de uma vingança é sempre a mais perigosa.
__ Isso foi uma ameaça? - Perguntei fingindo incredulidade.
__ Só lembre-se: foi você quem começou. - Ele me lançou um olhar perigoso, cópia do meu. Não me aguentei e caí na gargalhada.
__ Deu, deu. - Ri mais um pouco. - Mas agora temos trabalho a fazer, não?
__ É, temos. - Ele concordou. - Eu preferia estar à frente da TV comendo pipoca e assistindo filmes de alienígena com você.
__ Meu Deus! - Coloquei minha mão na testa dele. - O garoto nada superficial que não quer ser julgado e se sente ofendido quando alguém acha que ele não se interessa pelos estudos só pode estar doente.
__ Rá rá rá. Muito engraçado.
__ Eu tenho os meus momentos. - Me gabei dando de ombros.
Depois disso arrumamos toda a apresentação do nosso trabalho e Zayn foi para casa antes da minha mãe voltar.
__ Eu adoro ela, e é por isso que não posso vê-la. Se eu a ver, não vou querer voltar para casa e eu preciso mesmo voltar.
__ Sei. - semicerrei os olhos e me despedi dele.
Meia hora depois minha mãe voltou para casa, me deu boa noite e eu me deitei.
Durante a noite tive um sonho engraçado no qual eu estava com uma coleira em volta do meu pescoço e alguém me puxava para algum lugar com ela. Eu não sabia quem era. Na verdade, não queria saber. Não queria olhar para trás e dar de cara com... não. Eu não queria saber quem era.
Me acordei com frio, fui até a janela e a fechei. Devia ter esquecido-a aberta.
Depois me deitei para dormir novamente, o dia seguinte seria cheio. Retomar a amizade com Maya, tentar fazer as pazes com o Niall. Me desculpar com a Shana, pois eu sei que mesmo sendo chata ela só quer o meu bem. E descobrir o que aconteceu com a Chris que não quis aparecer na aula.
